Pattern Matching #2

 

Pattern Matching, 2012-2013
Desenhos protocolares / Protocol Drawings

 

Desenhos protocolares são desenhos feitos para antecipar, instigar ou orientar uma acção performativa. Frequentemente, confundem-se com ela nas suas razões de actuar.
O impulso que origina estes desenhos ocorre como uma aproximação imaginária à hipótese prévia de um acontecimento: uma sequência de figuras, dispostas como uma máquina de Rube Goldberg, estabelece uma reacção em cadeia de gestos que tentam reproduzir, sobre o corpo, um padrão de linhas horizontais paralelas.
Como acção não realizada, estes desenhos acompanham a promessa implícita de fazer ver o que é sucessivo como simultâneo, o que é contingente como necessário, o que é inconsistente como lógico, na sua absurda tentativa de inscreverem o tecido sensível do movimento na matéria visível e estável do traço. Como um protocolo, os desenhos tratam de agenciar o movimento que seria realizado no corpo, mas transferindo-a para os meios do desenho, como um espaço virtual de realização. Recorrendo a um aparo de cinco pontas – um instrumento obsoleto usado na produção das linhas paralelas e equidistantes das pautas musicais – o gesto imaginado torna-se gesto vivido enquanto matéria de desenho.
Na impossibilidade de se concretizarem como performance, estes desenhos protocolares aproximam-se dos performativos infelizes de John L. Austin. Ao contrário de uma linguagem que constata ou descreve um estado de coisas — podendo ser verdadeira ou falsa — os enunciados performativos podem ser apenas felizes (quando se cumprem) ou infelizes, quando a sua intenção não se concretiza. Esta condição de incumprimento é o que muitas vezes permite, no desenho, arriscar sem o compromisso definitivo de uma decisão; ensaiar tudo sem o receio das consequências.

Pattern Matching (Protocol Drawing #4), 2012-2013
Aparo para pauta musical e aguarela em papel de algodão
Rastrum line staff dip pen, watercolour on cotton paper.
76,5 x 56,5 cm.

 

pattern_matching_3

Pattern Matching (Protocol Drawing #3), 2012-2013
Aparo para pauta musical e aguarela em papel de algodão
Rastrum line staff dip pen, watercolour on cotton paper.
76,5 x 56,5 cm.

 

pattern_matching_5

Pattern Matching (Protocol Drawing #5), 2012-2013
Aparo para pauta musical e aguarela em papel de algodão
Rastrum line staff dip pen, watercolour on cotton paper.
76,5 x 56,5 cm.

 

pattern_matching_6

Pattern Matching (Protocol Drawing #2), 2012-2013
Aparo para pauta musical e aguarela em papel de algodão
Rastrum line staff dip pen, watercolour on cotton paper.
76,5 x 56,5 cm.

 

pattern_matching_2

Pattern Matching (Protocol Drawing #1), 2012-2013
Aparo para pauta musical e aguarela em papel de algodão
Rastrum line staff dip pen, watercolour on cotton paper.
76,5 x 56,5 cm.

 

img_6017

 

img_5984

Pattern Matching (Desenhos Protocolares).
Residência Artística Oliva Rewind Drawing, Centro de Arte de S. João da Madeira, 12 de Maio de 2012
Artist Residence Oliva Rewind Drawing, S. João da Madeira Art Center, May 12 2012

 

Protocol drawings are drawings made to anticipate, instruct or inform a performative action. They often blend with it in their reasons for acting.
The drive that triggers these drawings occurs as an imaginary approach to a previous hypothesis of an event: a sequence of figures, staged as a Rube Goldberg machine, creates a chain reaction of gestures in their attempt to reproduce, on their own bodies, a pattern of parallel horizontal lines.
As an unperformed action, these drawings are accompanied by the implicit promise of seeing what is successive as simultaneous, what is contingent as necessary, what is inconsistent as logical, in their absurd attempt to inscribe the emotional fabric of movement in the visible and stable matter of the trace. As protocols, these drawings are agencies of the same movement that would be carried out in the body, but transferring it to the means of drawing, as a virtual performance space. Using a rastrum line staff dip pen – an obsolete instrument used for tracing the parallel and equidistant lines of musical scores – the imagined gesture is enacted as drawing matter.
Being impossible to perform, these protocol drawings are close to the unhappy performatives of John L. Austin. Unlike a language that verifies or describes a state of being – which can be true or false – performative statements can only be happy (when they are fulfilled) or unhappy, when their intentions are not accomplished. This condition of default is what often allow in a drawing to take risks without the urgency of making a decision; to rehearse everything without the fear of consequences.