Sopro do Coração / Heart Murmur

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Sopro-do-Coração (Projecto para Pintura Instalada), 2002-2005.
Heart Murmur (Project for Installed Painting), 2002-2005.
Rua Passos Manuel, Porto, Portugal (Not Installed).

 

Em “Sopro-do-Coração”, a pintura é um conteúdo citado: citação dos cartazes pintados que anunciavam o filme em exibição nas fachadas do cinema.
O uso da pintura era justificado nestes casos como um substituto da impressão, porque as poucas cópias de grande dimensão tornavam a impressão economicamente inviável. Há um código particular associado a estas imagens-cartaz que me fascina, e que é relativamente impermeável à expressão autoral ou singularidades contextuais. Parece igual em todo o lado, como uma lingua-franca.
É uma linguagem que não inventamos, mas habitamos. É em parte determinada pelo fotograma mais emblemático da narrativa, pela necessidade de persuadir através da escala e pela ausência de qualquer reivindicação estética para além da reprodução da imagem.
A relação com este código particular surgiu do interesse no seu carácter não-marcado, que traz consigo um sentimento de indiferença e banalidade. Do modelo destes cartazes, “Sopro-do-Coração” manteve o princípio narrativo do punctum temporis – um corte temporal que indica a progressão entre dois momentos da acção – e a necessidade de persuasão através da escala. A minha intenção era fazer uma pintura que se pudesse confundir com um cartaz de cinema, e existir no seu próprio ecossistema.
O cartaz nunca chegou a ser instalado. Decidi, por isso, fazer uma pintura.

 

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Sopro-do-Coração, 2002-2005. Óleo sobre linho.
Heart Murmur, 2002-2005. Oil on Linen.
200 x 200 cm.

 

In “Heart Murmur” (2002-2005), painting is a quoted content: quotation of the cinema painted billboards advertising the movie being exhibited in the facades of theaters.
The use of painting was justified in these cases as a substitute for printing, for the few large scale copies made printing economically unviable. There is a particular code associated with these billboard-pictures that fascinates me, and that is relatively impermeable to authorship expressions or contextual singularities.
It’s a system we don’t invent, we only inhabit it. It is partially determined by the most emblematic frame of the narrative, by the need of persuasion through scale, and by the absence of any aesthetic claim other than a picture reproduction.
The relationship with this particular pictorial code emerged, mainly, from the interest in its unmarked character, that brings in a feeling of indifference and banality. From these movie-billboard models, “Heart Murmur” maintains the frame’ principle of punctum temporis, a temporal cut that indicates a progression between two moments of an action, and a need of persuasion through scale. My intention was to make a picture that could be mistaken for a movie billboard, and exist in its own ecosystems.
The picture as a billboard advertisement was never installed. So I decided to do a painting instead.